Texto: Ricardo Milan
A falta de interesse e coordenação do Ministério da Saúde no combate à pandemia de coronavírus continua a fazer vítimas Brasil afora. A campanha de vacinação contra a COVID 19, que deveria ser orientada e coordenada pelo Ministério sob as diretrizes do Plano Nacional de Imunizações (PNI), está sendo conduzida de forma politiqueira e sem respeitar os grupos prioritários por diversas prefeituras, que fazem proselitismo político com vacinas que deveriam ser aplicadas de forma uniforme em todo o território brasileiro.
Em São Luís o prefeito Eduardo
Braide está desrespeitando o PNI e começa a vacinar adolescentes, sem
preocupar-se que na maioria dos municípios maranhense grande parte da população
adulta ainda não teve vacina para ser imunizada e continuamos a ver nossos conterrâneos
morrendo por não conseguirem vacinar-se.
Esse é um flagrante desrespeito
ao PNI e o que é pior, um tapa na cara das famílias maranhenses que continuam a
ver seus entes queridos morrendo por falta da vacina.
Em Caxias, por exemplo, onde já
morreram quase trezentas pessoas, a prefeitura ainda está vacinando maiores de
20 anos. Em Imperatriz, onde quase mil maranhenses já sucumbiram a essa doença
maldita, agora que a prefeitura recebeu vacinas para a faixa etária dos 33
anos. Em Balsas já morreram quase 200 e só agora estão vacinando os maiores de
27 anos. Em Igarapé do Meio agora que estão chamando os maiores de 40 anos para
vacinar. Lembrando que a vacinação ainda está nesses patamares por falta de
imunizantes no Brasil suficientes para todos.
Claro que queremos que a vacina
chegue aos adolescentes também, mas, teria que ser concomitante. Não é
compreensível que enquanto temos milhares de adultos maranhenses, que ainda não
tiveram a oportunidade de serem vacinados por falta de vacinas São Luís, que já
vacinou todos os adultos, comece a imunizar adolescentes.
Apesar de sermos geograficamente
uma ilha, fazemos parte de um todo e enquanto não conseguirmos imunizar a
todos, o risco continua, pois com a demora na imunização, a chance de
aparecerem novas cepas – inclusive resistentes às vacinas já existentes – é
muito grande e de nada adiantará termos a população da ilha vacinada.
Temos que lembrar que a vacinação
precisa ser um ato coletivo ou de nada adiantará. O Ministério Público deveria
pronunciar-se a respeito, afinal somos uma federação e devemos respeitar o PNI,
que por conta de o Brasil não ter vacinas para todos, elaborou um cronograma
que visa proteger primeiro os mais vulneráveis, e já há estudos suficientes
para determinar que os adolescentes e crianças são os menos suscetíveis a ter a
forma grave da doença. Vamos ter empatia pelo sofrimento dos outros
maranhenses, Sr. prefeito Eduardo Braide.
Esta é mais uma característica do
momento em que vivemos depois da ascensão ao poder do governo Bolsonaro. O
completo desrespeito à coletividade, a falta de empatia pelo próximo e o
desprezo pelos mais vulneráveis.
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